quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pr Ciro Sanches,Biblico Teologico e Coerente.

Atenção: leia este artigo devagar, com calma...



Primeiro: minha fonte de autoridade primacial é a Bíblia, e não a tradição. Disso nunca abrirei mão. E, a despeito de haver artigos na blogosfera que se propõem a convencer os leitores, mediante a abundante citação de declarações de teólogos do passado e do presente, que o bordão em apreço é biblicocêntrico, insisto que as Escrituras interpretam as Escrituras.



Segundo: se você valoriza mais a tradição, a História da Igreja, os concílios e os teólogos do que a Bíblia, ou os coloca no mesmo nível dela, achando que isso significa ser ortodoxo, é melhor não prosseguir na leitura deste artigo. Você ficará decepcionado, pois, para este escritor, a tradição e a própria teologia são úteis ao lado da Escritura, e não sobre ela. E, definitivamente, a dupla natureza do Senhor não pode ser descrita em linguagem de ciências exatas.



Terceiro: não estou afirmando que o Senhor Jesus não possui duas naturezas. Não estou asseverando que o corpo de Jesus como Homem é diferente do nosso. Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. E eu sei que isso é proclamado desde os primórdios do Cristianismo. O Senhor Jesus tem uma natureza divina e uma natureza humana em uma única personalidade, e elas não se confundem.



Quarto: antes de me confundir com hereges ou sugerir que desconheço a História da Igreja (a qual, modéstia à parte, conheço bem, pois ministrei essa matéria no seminário), peço aos que dizem possuir as “ferramentas epistemológicas” que examinem com cuidado o que escrevi. Infelizmente, há certos paladinos do Pentecostalismo Clássico e da Pedagogia (nada contra os pentecostais e pedagogos, por favor!) que têm torcido, habilmente, as minhas argumentações bíblicas, porém os leitores são inteligentes e vão perceber que a palavra final é a que tem embasamento real das Escrituras.



Quinto: o que desejo, diante do Senhor, é que os teólogos valorizem mais e mais as Escrituras do que a tradição. É uma pena que haja “eruditos” (não me pergunte o nome deles!) que, à semelhança dos fariseus, estejam querendo encontrar supostas falhas nos meus escritos para as espalharem na blogosfera e assim disseminarem que estou contra a sã doutrina, pela qual eu daria a minha vida, se fosse preciso. Muito “nobre” esse trabalho desses que pensam ser os detentores do saber...



Sexto: quem é espiritual e tem equilíbrio já deve ter percebido que o meu desejo, com esta série de artigos sobre o Deus-Homem, a qual termina aqui (?), é estimular a todos a defenderem teses realmente biblicocêntricas, e não baseadas em bordões teológicos convencionados por homens.



Sétimo: saibam todos que não é de hoje que eu assevero que o bordão “Jesus é 100% homem” não resiste a uma análise bíblica sem preconceito.



Portanto, se (e quando) empreguei respondendo a perguntas o termo “natureza divino-humana” referi-me, evidentemente, à dúplice natureza do Senhor (ou seja, as duas naturezas dEle reunidas numa só personalidade). Emprego o singular, repito, porque o Senhor se fez Homem sem deixar de ser Deus; Cristo é o Deus-Homem. Daí sua dúplice natureza (divino-humana). Leia, pois, prezado leitor, este meu último artigo sobre o assunto com calma, devagar, sem pressa, considerando todas as referências bíblicas, por favor.



MINHAS CONSIDERAÇÕES FINAIS



O respeitadíssimo teólogo Norman Geisler escreveu:



“O cristianismo ortodoxo sustenta a crença que Jesus, o “Filho de Deus”, assumiu natureza humana finita e se tornou homem — o Deus encarnado. Textos como Filipenses 2.5-8 fazem mais sentido quando os entendemos no contexto da união das duas naturezas encontradas na única pessoa, Jesus Cristo. A Bíblia declara claramente:



[v.5] Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, [v.6] que embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; [v.7] mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. [v.8] E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!



Observe que esse texto não diz que Deus se tornou homem, i.e., que o infinito se tornou finito. Seria uma contradição lógica dizer que o infinito e o finito existem na mesma natureza. Vamos examinar esse mistério logo adiante, mas por ora é importante saber que esta doutrina não é uma contradição. Podemos entender que esse texto diz que “Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, retendo todos os seus atributos divinos, assumiu para si o padrão de conduta volitivo humano quando assumiu para si mesmo todos os atributos essenciais da natureza humana”. Esse entendimento das naturezas de uma pessoa, Jesus, nos conduz à nossa próxima pergunta.



COMO JESUS CRISTO PODE SER TANTO DEUS QUANTO HOMEM?



O Novo Testamento mostra Jesus claramente como uma pessoa que tem duas naturezas, a humana e a divina. Um olhar apressado nessa verdade pode causar o mal-entendido de que a expressão frequentemente mencionada — “Deus se tornou homem” — signifique que o infinito se tornou finito. Isso não é uma descrição tecnicamente precisa da encarnação. Não há problema em verbalizar a encarnação dessa maneira entre crentes que pensam da mesma maneira — contanto que o significado seja perfeitamente entendido pelo locutor e pelos ouvintes. Entretanto, a encarnação deve ser corretamente entendida da seguinte forma: “Jesus, o Deus Filho, existindo como a segunda pessoa do Deus trino e uno, uniu sua natureza divina a uma natureza humana e por meio dela veio ao mundo”. Quer dizer, ele não parou de ser Deus quando adicionou humanidade a si.” (Grifos em negrito são deste editor.)

GEISLER, Norman, Fundamentos Inabaláveis, Editora Vida, p.318-319.



Em razão de eu já ter escrito muitos artigos a respeito da dúplice natureza (divino-humana) do Senhor Jesus, resolvi citar parte da obra do renomado Norman Geisler, a fim de corroborar o que eu já asseverei, à luz da Palavra de Deus. Reitero, diante dessa citação, que a natureza divino-humana do Senhor é sui generis; e não deve ser descrita na linguagem das ciências exatas. A encarnação do Senhor é um mistério (1 Tm 3.16).



Reafirmo, com total convicção, à luz das Escrituras, que o Senhor Jesus não foi um homem idêntico a nós ou igual a Adão antes da Queda. Ele foi — e é — o Deus-Homem, semelhante a nós. Ele não foi (nem é) um homem igual a nós, tampouco idêntico a Adão antes da Queda, porque jamais perdeu os seus atributos divinos morais, comunicáveis. Quanto aos seus atributos divinos naturais, exclusivos da deidade e incomunicáveis (como onipresença e onipotência), Ele não quis utilizá-los, posto que se limitou (aniquilou-se a si mesmo) ao assumir a natureza humana (Mt 28.18; 2 Co 8.9; Fp 2.6-11).



Usando somente um pouquinho da linguagem dos matemáticos e economistas (risos), o Senhor Jesus nasceu e continuou sendo 100% santo, 100% reto, 100% justo, 100% bom e 100% verdadeiro. Quanto a Adão, ele não foi criado (nem continuou sendo) 100% santo, 100% reto, 100% justo, 100% bom e 100% verdadeiro.



Somente Deus detém tais atributos morais de modo absoluto, na sua plenitude, comunicando-os aos seres humanos, mas não de maneira plena. Caso contrário, Adão e Eva teriam sido cópias exatas de Deus, no que tange a seus atributos morais, o que é defendido, inclusive, pela teologia falaciosa da Confissão Positiva e por Benny Hinn. Daí a necessidade de se distinguir entre o Deus-Homem, que é o Unigênito, o monogenes (o único do gênero), incomparável, o Cordeiro imaculado e incontaminado, e os seres humanos criados por Ele.



Adão e nós somos seres terrenos, criados por Deus, e o Senhor Jesus é o próprio Deus que se encarnou. Afirmar que Ele foi um ser humano igualzinho a Adão antes da Queda — mesmo empregando muitas citações de teólogos — é forçar a Bíblia a dizer o que ela jamais disse. E, portanto, não reflete boa exegese.



O Senhor Jesus, o Deus-Homem, é Deus encarnado (Jo 1.14), que foi concebido sem pecado, nasceu sem pecado, viveu sem pecado — pois nunca houve a mínima possibilidade de Ele cometer pecados, haja vista jamais ter deixado de ser o Deus Santo! —, morreu por nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação!





Sei que há — e haverá ainda — muitos outros posicionamentos a respeito do assunto, mas eu não abro mão das Escrituras, as quais asseveram claramente:



1) “Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8.3).



2) “O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu” (1 Co 15.47).



3) “Mas [Cristo Jesus] aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7).



4) “Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Hb 2.17).



5) “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito [gr. monogenes, “único do gênero”] do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).



6) “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9).



7) “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21).



8) “E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado” (1 Jo 3.5).



Em Cristo, o Deus-Homem, cuja natureza sui generis não deve ser descrita na linguagem das ciências exatas (1 Tm 3.16),

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